Fragrância em cosméticos: efeitos sentidos na pele e na saúde

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Atualizado em 15.04.2024 | Postado em 04.12.2023
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Algumas pessoas nem imaginam que a fragrância utilizada nos cosméticos pode ser o motivo de alergias e irritações na pele. Por aqui, nós aprofundamos o assunto e explicamos por que é importante colocar atenção nessas substâncias.

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O que é a fragrância em cosméticos?

Você costuma dar aquela conferida no cheiro do hidratante ou de qualquer outro cosmético antes de usá-lo no seu skincare? A fragrância é a combinação de compostos que confere esse aroma que você sente e que, geralmente, é bem agradável. 

Atualmente, existem mais de 2.500 ingredientes utilizados nas fragrâncias de cosméticos e de outros produtos perfumados que usamos diariamente, como os de higiene e limpeza. Ainda, um único produto desses pode conter de 10 a 300 compostos de fragrâncias. Parece ser muita coisa, não é mesmo?

Somado a isso, as fragrâncias são de origem natural ou sintética:

  • Fragrâncias naturais: originadas dos óleos essenciais e formadas por diversos compostos aromáticos e terpenos presentes naturalmente em plantas.
  • Fragrâncias sintéticas: feitas com a combinação de substâncias químicas sintéticas. Também se encaixam nessa categoria os compostos naturais alterados pela indústria.

Fragrância é a mesma coisa que essência?

Essência é o termo usado quando nos referimos ao aroma “puro” ou “base” formado pelos compostos aromáticos dos óleos essenciais. Já a fragrância é uma combinação deles ou de outros ingredientes (naturais ou sintéticos) que juntos resultam no aroma do produto.

Qual a função da fragrância nos cosméticos?

A principal função da fragrância nos cosméticos é sensorial. O aroma agradável pode ​​influenciar na experiência de uso do consumidor e impactar significativamente na avaliação do cosmético

Ao lado de outros diferenciais, como a textura ou o design da embalagem, a fragrância também é um atributo comercial e uma vantagem estética, podendo ser decisiva na hora de escolher e comprar um cosmético.

Nesse contexto, é vista como um atributo que ajuda a tornar o produto mais atrativo. Contudo, as discussões mais atuais sobre seus efeitos na pele e no nosso corpo mudam a direção, e fazem com que a procura por cosméticos sem fragrância ganhe espaço. Para compreender esse movimento, é importante saber o que as fragrâncias podem causar.

Afinal, o que as fragrâncias dos cosméticos podem causar?

Por mais que boa parte das pessoas ame um produtinho cheiroso para aplicar no rosto, corpo ou cabelo, essa sensação prazerosa pode ter impactos percebidos na pele, como o surgimento de alergias e o aumento da sensibilidade, além de poder interferir em outros mecanismos do nosso corpo e até no meio ambiente.

Confira os principais efeitos adversos dos ingredientes de fragrâncias encontrados em cosméticos.

Pele: alergias e irritações

O Scientific Committee on Consumer Safety (SCCS) destaca as alergias e as irritações cutâneas como os problemas mais comuns observados com ingredientes de fragrâncias, além de fotossensibilidade, urticária de contato e dermatite de contato pigmentada. Para se ter uma melhor noção do potencial alergênico, depois dos metais, as fragrâncias são a segunda maior causa de alergia de contato de acordo com alguns autores. 

O principal mecanismo de reação do nosso corpo diante desses compostos é a resposta inflamatória, ou seja, nosso corpo reconhece essas substâncias como nocivas e se manifesta. Na prática, ao aplicar um cosmético com ingredientes de fragrância alergênicos, a substância penetra e se liga a uma proteína presente na estrutura da pele, podendo provocar uma série de efeitos que impactam no sistema imunológico e resultam no surgimento das alergias principalmente no rosto, nas axilas e nas mãos.

Enquanto as alergias geralmente aparecem um dia após o uso, a irritação cutânea costuma surgir logo após o uso do cosmético, levando à coceira, vermelhidão e erupções cutâneas em alguns casos.

Fragrâncias alergênicas da União Europeia 

O SCCS listou 26 substâncias de fragrâncias com um potencial bem reconhecido para causar alergias, e que devem estar descritas nos rótulos dos cosméticos na Europa:

  • 3-metil-4-(2,6,6-trimetil-2-ciclo-hexen-1-il)-3-buten-2-ona 
  • Amilcinamal 
  • Álcool amilcinamílico
  • Álcool anisílico 
  • Álcool benzílico 
  • Benzoato de benzilo 
  • Cinamato de benzilo 
  • Salicilato de benzilo 
  • Aldeído Cinâmico 
  • Cinamil álcool 
  • Citral
  • Citronelol 
  • Cumarina 
  • d-Limonemo
  • Eugenol
  • Farnesol 
  • Geraniol 
  • Hexil cinamaldeído 
  • Hidroxicitronelal 
  • Hidroximetilpentil-ciclo-hexenocarboxaldeído 
  • Isoeugenol 
  • Lilial 
  • Linalol 
  • Carbonato de metil heptina 
  • Musgo de carvalho 
  • Musgo de árvore

O avanço dos estudos sobre as fragrâncias e o olhar atento de instituições que trabalham pela saúde humana não para por aqui. Além desses compostos, atualmente o SCCS colocou em discussão a ação de 100 substâncias individuais e extratos naturais adicionais como alergênicos de contato (estabelecidos ou prováveis).

Atenção às fragrâncias naturais

Perceba que os extratos naturais também estão citados. Isso, porque eles podem ocasionar alergias e outras condições na pele, assim como as substâncias sintéticas. Tanto que estudos sugerem a necessidade de teste de contato com óleos essenciais ao mostrar que as substâncias naturais podem causar reações associadas à sensibilidade da pele.

Corpo: alterações na homeostase

Além das alergias e irritações cutâneas, estudos associam outras condições de saúde com a exposição a compostos de fragrâncias, como problemas no trato respiratório e disfunções endócrinas.

Trato respiratório

Por serem voláteis, as fragrâncias entram em contato com o nosso organismo pela inalação, além da absorção pela pele, o que pode ocasionar sintomas respiratórios ou oculares. Uma pesquisa realizada por meio de questionário enviado a 1.189 pessoas identificou que 42% dos respondentes relataram sintomas de mucosa (como coriza, coceira, secura e irritação) provocados por produtos de fragrância, sendo mais prevalente em mulheres e tendo como órgão mais afetado o nariz. Além disso, todos os sintomas foram mais prevalentes e mais graves em indivíduos com asma.

Sistema endócrino

Os possíveis efeitos das fragrâncias no organismo também estão associados ao sistema endócrino. Isso, porque substâncias utilizadas para compor e fixar o perfume dos produtos, como o ftalatos, passaram a ser identificadas em estudos mais recentes como disruptores endócrinos. Ou seja, são substâncias que interferem nos hormônios e podem alterar o funcionamento do nosso organismo.

Em uma publicação da Endocrine Society, a instituição afirma que os ftalatos possuem um potencial tóxico para a saúde. Estudos em animais e com culturas celulares observaram alterações em hormônios como testosterona e estrogênio, bloqueio da ação do hormônio tireoidiano e efeitos tóxicos relacionados à reprodução, entre outros. 

Ainda, algumas pesquisas feitas com seres humanos também encontraram associações entre a exposição aos ftalatos e taxas reduzidas de gravidez, complicações na gestação, anormalidades dos espermatozoides e outros efeitos cardiometabólicos, como resistência à insulina, diabetes, aumento da pressão arterial e dos níveis de triglicerídeos. 

Por esses motivos, alguns tipos de ftalatos são classificados pela União Europeia como tóxicos para reprodução e substâncias de alta preocupação, e seu uso em produtos requer autorização.

Meio ambiente: acúmulo de resíduos

Algumas substâncias químicas utilizadas nas fragrâncias são persistentes e se acumulam no meio ambiente. Como exemplo, uma revisão destacou que alérgenos de fragrâncias foram detectados em águas residuais de duas estações de tratamento de água na Espanha, quatro das quais em águas residuais após dois tratamentos, afetando também a cadeia alimentar. 

Como identificar as fragrâncias nos rótulos dos cosméticos?

Ter conhecimento da lista de ingredientes e saber ler o rótulo do cosmético é uma estratégia para evitar o contato com substâncias nocivas utilizadas nas fragrâncias, que costumam aparecer descritas como aroma, fragrance ou parfum nas embalagens.

Mas a identificação geralmente não é tão simples assim. Muitas marcas usam o nome científico dos compostos das fragrâncias. Quer um exemplo? Voltando aos ftalatos, eles aparecem nas embalagens listados como phthalates, dibutylphthalate (DBP), dimethylphthalate (DMP), diethylphthalate (DEP), benzila, butila, dibutila, dioctila, diciclohexila, dietila e diisodecila. Complexo, não é mesmo?

Ainda, algumas empresas optam por não apresentarem a descrição detalhada das fragrâncias na lista de ingredientes por uma questão de “segredo comercial” e porque, legalmente, não são obrigadas a revelar a composição. Essas questões acabam dificultando a tarefa de identificar o que vai e o que não vai na formulação.

Fragrâncias na mira da EWG

A EWG (Environmental Working Group) é uma instituição internacional que tem como objetivo proteger a saúde pública e o meio ambiente, e esse trabalho passa pelo mapeamento de produtos e substâncias que possam apresentar toxicidade.

Na escala de “pontuação de perigo” da EWG, as fragrâncias são classificadas como substâncias de alto perigo para alergias e toxicidade. De 1 a 10, estão no nível 8, atualmente. 

Para ajudar os consumidores em suas escolhas, a EWG concede um selo de certificação para marcas e produtos livres de ingredientes que são preocupantes para a saúde e para a natureza, e as fragrâncias estão entre eles.

Cosméticos sem fragrância: uma escolha a favor da saúde

Colocar atenção na formulação dos cosméticos, nos nutrientes que ele contêm e como vão contribuir com a sua pele, pode ser mais eficaz do que optar por um produto que se destaca apenas pelo cheirinho agradável. 

Por isso, na contramão dos perfumados produtos de beleza, os cosméticos sem fragrâncias estão sendo cada vez mais compreendidos e procurados por quem cuida da pele sem abrir mão da saúde, além de acompanharem uma forte tendência de consumo: a beleza consciente.

As marcas que priorizam cosméticos sem fragrância são mais inclusivas ao desenvolverem produtos que podem ser usados com segurança por quem tem a pele mais sensível ou reativa. Também, são preocupadas com a transparência ao informarem a composição dos cosméticos, e de quais substâncias eles são livres.

O “aroma” dos produtos sem fragrância

Um detalhe interessante é que os cosméticos sem fragrância não apresentam odor marcante ou ruim na maioria das vezes. Alguns ingredientes da formulação podem ter um cheiro mais evidente, mesmo suave, mas nada que possa ocasionar uma experiência negativa pelo aroma.

Por fim, a escolha por marcas que sejam transparentes ao descrever a lista de ingredientes e priorizam compostos seguros e com certificações reconhecidas, como a EWG, parece ser a melhor dica para desviar de produtos com substâncias que possam causar efeitos prejudiciais à saúde a longo prazo.

Aqui na Noorskin, todos os nossos cosméticos são sem fragrâncias e são certificados pela EWG. Confira a nossa vitrine no site da instituição e siga explorando esse universo onde beleza e saúde se encontram.

CUESTA, Laura et al. Fragrance contact allergy: a 4⠰year retrospective study. Contact Dermatitis, 2010.

ELBERLING, J. et al. Mucosal symptoms elicited by fragrance products in a population‐based sample in relation to atopy and bronchial hyper‐reactivity. Clinical & Experimental Allergy, 2005.

ENDOCRINE SOCIETY. Plastics, EDCs & health. 2020. 

ENVIRONMENTAL WORKING GROUP (EWG). Fragrance. 2023. 

ESTADOS UNIDOS. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION (FDA). Fragrances in Cosmetics. 2022.

European Comission. Perfume Allergies. 2012. 

European Comission. Scientific Committee on Consumer Safety (SCCS). 2023.  

GONÇALVES, Gisele Mara Silva et al. Influence of the presence and type of fragrance on the sensory perception of cosmetic formulations. Brazilian Archives Of Biology And Technology, 2013.

PINKAS, Adi; GONÇALVES, Cinara Ludvig; ASCHNER, Michael. Neurotoxicity of fragrance compounds: a review. Environmental Research, 2017.

UTER, Wolfgang et al. Contact allergy to essential oils: current patch test results (2000-2008) from the information network of departments of dermatology (IVDK)*. Contact Dermatitis, 2010.

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