Microplásticos em cosméticos: o que você precisa saber

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Atualizado em 10.09.2025 | Postado em 28.03.2023
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Você sabia que o seu esfoliante ou o glitter da sua maquiagem podem conter microplásticos? Pois é, esse pequeno ingrediente está presente em muitos cosméticos e os impactos podem ir além do que você imagina. Descubra com a gente como isso funciona.

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Eles são pequenos e, muitas vezes, até imperceptíveis a olho nu, mas causam impactos significativos na saúde humana, na vida marinha, na flora e também na fauna. Produzidos em larga escala, os microplásticos estão presentes em diversos produtos utilizados diariamente, como os de limpeza e de higiene pessoal, em tecidos, em brinquedos e até mesmo em cosméticos.

Mas por que é importante saber isso? Neste artigo, vamos esclarecer tudo o que você precisa saber sobre esse assunto:

  • entenda o que são os microplásticos e qual a sua origem;
  • por que esse ingrediente é utilizado em cosméticos e quais podem conter microplásticos;
  • como a exposição aos microplásticos afeta a nossa saúde e o meio ambiente;
  • como identificar esse ingrediente nos rótulos dos cosméticos;
  • legislações existentes para limitar o uso dessas partículas;
  • como fazer escolhas mais conscientes, optando por alternativas sustentáveis.

O que são microplásticos?

Os microplásticos (MPs) são partículas de plástico, menores que 5 milímetros, que resultam do desenvolvimento de produtos comerciais e da quebra de plásticos maiores. Sabe aqueles pontinhos que facilmente encontramos em esfoliantes, cremes dentais e em outros cosméticos ou itens de higiene? Pois bem, é muito comum que sejam microplásticos.

A grande questão é que, por serem muito pequenos e resistentes, eles não se degradam facilmente e acabam se acumulando no meio ambiente e também no nosso corpo.

Origem

Para entender como os microplásticos se formam, é interessante saber que eles podem ser de origem primária ou secundária. 

  • Primária: são as partículas fabricadas já nesse tamanho micro e adicionadas de forma intencional nas fórmulas para atender a uma demanda específica, como dar textura, esfoliar ou aumentar a durabilidade de um produto. É aqui que entram os cosméticos, principalmente os esfoliantes, e também produtos de higiene pessoal como os cremes dentais, produtos de limpeza, tintas e até grama sintética.
  • Secundária: são derivados de plásticos maiores por algum tipo de desgaste ou degradação, como embalagens, pneus de carros, tecidos sintéticos ou resíduos mal descartados. Quando não descartados ou reciclados de forma adequada, o plástico pode se decompor em partículas menores e permanecer no meio ambiente por séculos.

Por que os microplásticos são usados em cosméticos?

A resposta está na função técnica desse ingrediente. Essas partículas ajudam a dar suavidade, consistência, brilho e até melhorar a espalhabilidade de cremes, protetores solares, maquiagens e outros. Em esfoliantes, por exemplo, elas são usadas na forma de microesferas para oferecer um efeito abrasivo (esfoliante) suave na pele.

Segundo dados da campanha Beat the Microbead, em alguns casos, até 90% de um produto cosmético pode ser composto por ingredientes microplásticos devido ao seu baixo custo.

O problema é que, após o uso em cosméticos, essas partículas são enxaguadas e seguem direto para o sistema de esgoto. Como os filtros de tratamento não conseguem reter partículas tão pequenas (menores que um grão de areia), elas acabam nos rios, oceanos, no organismo de animais e, em alguns casos, voltando para nós.

Qual é o impacto dos microplásticos na natureza?

Na natureza, o impacto dos microplásticos pode ser sentido tanto na vida marinha quanto na fauna e na flora de ambientes aquáticos e seus arredores.

Vida marinha

No mar, os microplásticos acabam sendo confundidos com alimentos ou ingeridos sem querer, devido ao seu tamanho minúsculo, por peixes, moluscos, crustáceos e aves, o que pode causar desde inflamações e problemas digestivos até alterações no comportamento dos animais. 

Além disso, estudos realizados com peixes indicam que os microplásticos podem provocar alterações no sistema endócrino e na saúde reprodutiva dos animais, incluindo desequilíbrio hormonal, redução da fertilidade, comprometimento da formação de gametas (espermatozoides e óvulos) e mudanças no comportamento sexual.

Dos mares e rios para o nosso prato

Os microplásticos não ficam restritos ao ambiente aquático. Eles podem se acumular na superfície ou no interior do próprio animal, como é o caso das ostras e mexilhões, que utilizam suas brânquias para capturar partículas de alimentos da água, assim como para remover substâncias indesejadas. Como esses animais fazem parte da cadeia alimentar humana, essas partículas também podem chegar ao nosso prato e ao nosso corpo.

Além dos frutos do mar, eles também podem se acumular nos peixes, o que significa que a exposição humana a essas substâncias é mais frequente do que imaginamos. E, como veremos mais adiante, essa ingestão pode refletir em efeitos nocivos para a saúde como processos inflamatórios, estresse oxidativo, desregulação hormonal, alterações no metabolismo e efeitos na pele.

Fauna e flora

Os microplásticos já foram encontrados em praticamente todos os ambientes aquáticos do planeta, incluindo rios e lagos. Isso, porque essas partículas não ficam paradas. Elas viajam pela água, pelo vento e até mesmo pela chuva, carregando consigo substâncias nocivas e servindo de moradia para microrganismos, o que pode causar diversos impactos na natureza.

Ainda, um estudo piloto realizado na Holanda revelou, pela primeira vez, indícios de que porcos e vacas estão expostos a microplásticos por meio da ração que ingerem. Mesmo que a amostra analisada tenha sido pequena (12 vacas e 12 porcos), foram encontradas partículas plásticas no sangue de todos os animais testados e em 75% das amostras de carnes. No leite, a substância também foi identificada, mas em níveis mais baixos.

Mesmo que o estudo não tenha avaliado os possíveis riscos toxicológicos à saúde humana, essa descoberta abre espaço para refletir sobre os impactos na saúde animal, no sistema reprodutivo e na segurança alimentar.

Como os microplásticos afetam a saúde?

Além de problema ambiental, os microplásticos também estão no centro de algumas preocupações relacionadas à nossa saúde. Isso é porque, devido ao seu tamanho, muitas vezes invisível a olho nu, esse ingrediente pode entrar no corpo humano por diferentes vias (ingestão, inalação ou absorção pela pele) e interferir no seu funcionamento. 

Aumento da carga tóxica

Os microplásticos atuam como esponjas químicas, ou seja, eles absorvem e concentram substâncias tóxicas presentes no meio ambiente, como pesticidas, metais pesados e outros contaminantes. Por isso, ao serem ingeridos ou inalados podem favorecer o aumento da carga tóxica a que estamos expostos diariamente, causando diversos efeitos no corpo.

Para entender melhor, carga tóxica (ou toxic load, em inglês) é o termo usado para descrever o acúmulo de substâncias prejudiciais no organismo. Isso acontece quando a quantidade de toxinas às quais estamos expostos supera a capacidade que o corpo tem de eliminá-las de forma eficiente.

Esse conceito está diretamente relacionado a dois aspectos principais:

  1. o volume de toxinas que se acumulam no corpo;
  2. a habilidade do organismo em realizar o processo de desintoxicação.
  • Quer saber mais sobre esse processo e seus efeitos? Acesse os artigos:

O que é carga tóxica e quais são seus efeitos no organismo

Carga tóxica: o que é, efeitos e como desintoxicar o corpo

Inflamação

Estudos científicos sobre o impacto dos microplásticos na saúde humana mostraram que alguns tipos, quando em contato com células humanas ou animais, podem estimular a produção de substâncias inflamatórias. Essa reação foi observada em células do pulmão, do fígado e também do sistema imunológico.

Partículas de polietileno (um tipo de plástico), por exemplo, levaram as células de defesa a liberar citocinas inflamatórias, todas associadas a processos inflamatórios e a doenças crônicas.

Estresse oxidativo

Essa mesma revisão de artigos apontou que os microplásticos podem aumentar excessivamente a produção de radicais livres, levando ao chamado estresse oxidativo. Essa condição está relacionada a danos ao DNA das células, morte celular (principalmente em células do intestino) e alterações no sistema imunológico, por destruir células de defesa do organismo (macrógafos).

Alterações no metabolismo e na saúde intestinal

Outro efeito dessas substâncias no organismo está relacionado ao metabolismo e a microbiota intestinal. Entre os possíveis efeitos adversos estão danos à barreira do intestino (o que pode facilitar a penetração de toxinas no organismo), o desequilíbrio da microbiota e a redução da produção de energia nas células do fígado, além de interferir no transporte de minerais essenciais para o corpo, como o ferro.

Desregulação hormonal

A ciência também já revelou os efeitos dessas partículas no sistema hormonal de mamíferos, incluindo nós, seres humanos. Por carregarem substâncias com potencial nocivo, conhecidas como disruptores endócrinos, os microplásticos podem interferir na regulação hormonal com impacto no desenvolvimento, fertilidade, metabolismo e resposta ao estresse.

Ainda, estudos em animais mostram que a exposição prolongada a essas substâncias pode levar a impactos no sistema reprodutor. Nos machos, foi observada redução da testosterona, alterações na qualidade do esperma e processos inflamatórios nos testículos. Já nas fêmeas foram afetados o desenvolvimento dos folículos nos ovários e a produção de estrogênio.

Efeitos na pele

A saúde da pele também pode ser prejudicada pelo uso de cosméticos com microplásticos. Isso, porque eles podem ultrapassar a barreira cutânea, principalmente quando combinados a outras substâncias presentes nesse tipo de produto, como o ácido oleico e o etanol, que deixam a pele ainda mais permeável, facilitando a entrada dessas partículas.

E onde os microplásticos se acumulam? Bem, pesquisas mostram que o couro cabeludo pode reter a maior quantidade de partículas, seguido pela pele do rosto e das mãos. Elas podem penetrar em folículos pilosos, canais de lipídios e nas camadas mais profundas da epiderme, podendo chegar até o interior de algumas células.

O impacto disso? Quando os microplásticos entram em contato com a pele, nosso sistema imunológico reage, o que pode gerar inflamação e estresse oxidativo, danificar a barreira cutânea e, em alguns casos, ativar processos que levam à redução das funções celulares. Ainda, essas partículas podem alterar proteínas da pele, prejudicando o seu funcionamento, acelerar o envelhecimento cutâneo e limitar o crescimento saudável das células.

Exposição desde o início da vida

Por fim, estudos apontam que a exposição aos microplásticos pode iniciar ainda dentro da barriga da mãe e permanecer ao longo da vida desde os primeiros meses. Pelo menos é o que mostram pesquisas realizadas com placentas, em que as partículas foram encontradas, e também com leite materno (de 34 amostras, 26 continham MPs).

Embora mais estudos nesse sentido sejam necessários, a preocupação aqui é com os efeitos que essa exposição prolongada pode provocar. Como a placenta é o órgão que protege e nutre o bebê durante o seu desenvolvimento, encontrar partículas de plástico nesse ambiente levanta um alerta sobre possíveis riscos relacionados a alterações no metabolismo e na fertilidade, que podem se manifestar até mesmo em futuras gerações.

Como reduzir a exposição aos microplásticos em cosméticos?

Embora os microplásticos estejam presentes em muitos produtos de higiene e beleza, nós podemos reduzir a nossa exposição com escolhas mais conscientes. Pequenas mudanças no dia a dia já fazem a diferença, e o movimento clean beauty está aí para nos mostrar caminhos mais seguros e sustentáveis.

Por isso, em vez de se preocupar com uma lista de produtos que podem conter partículas plásticas, pense no que você pode priorizar, como os cosméticos que cuidam da pele e atuam a favor da saúde, sem agredir o meio ambiente, e que, claro, não incluem microplásticos em suas formulações.

Mas como saber se um cosmético é realmente livre de microplásticos e fazer escolhas mais sustentáveis?

O rótulo pode dar pistas importantes. Essas substâncias dificilmente aparecem com o nome “microplástico”, mas podem estar disfarçadas por termos técnicos como polietileno (PE), polipropileno (PP), polimetilmetacrilato (PMMA) ou nylon-12, entre outros. Aprender a reconhecer esses nomes já ajuda a fazer escolhas melhores.

Mas calma! Você não precisa decorar uma lista de nomes técnicos. Uma forma mais prática é optar por marcas transparentes, que informam claramente a composição dos seus produtos e têm o compromisso de não usar determinados ingredientes em suas fórmulas, as chamadas no lists.

Outra dica é buscar por selos e certificações que atestam a segurança e a transparência das marcas, como:

  • o selo EWG Verified™: garante que o produto foi avaliado por meio de critérios rigorosos quanto à qualidade, transparência e segurança de cada um dos seus ingredientes;
  • a certificação EcoSun Pass: específica para protetores solares, que avalia o impacto ambiental e a segurança das fórmulas.

Esses selos oferecem mais tranquilidade, pois asseguram que você está escolhendo produtos livres de ingredientes controversos, incluindo microplásticos.

Um movimento global em transformação

Embora no Brasil ainda não tenhamos uma legislação específica sobre o uso de microplásticos em cosméticos, o mundo já está mudando. A União Europeia, por exemplo, publicou a regulamentação (UE) 2023/2025, que restringe o uso desses ingredientes adicionados intencionalmente em produtos, incluindo cosméticos.

Além disso, campanhas globais como a Beat the Microbead, iniciada pela Plastic Soup Foundation em 2012, pressionam marcas e governos a adotarem mais transparência e a banirem o uso dessas partículas.

Iniciativas assim fazem a diferença, pois cada vez mais marcas limpas e conscientes surgem no mercado, acompanhando um movimento de consumidores que desejam mais transparência, saúde e responsabilidade ambiental.

Na Noorskin, acreditamos em uma beleza mais consciente, segura e alinhada ao bem-estar do ser humano e do planeta. Por isso, o nosso compromisso com fórmulas limpas, eficazes e responsáveis. Afinal, cuidar da sua pele também é cuidar da sua saúde e do mundo ao seu redor. Conheça a nossa linha completa!

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