Disruptores endócrinos em cosméticos e fertilidade: entenda

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Atualizado em 16.04.2024 | Postado em 16.04.2024
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Você sabia que alguns ingredientes presentes em cosméticos podem interferir nos nossos hormônios e afetar a fertilidade? Entenda essa relação e como reduzir o contato com essas substâncias.

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Talvez você ainda não tenha pensado sobre isso, mas um único cosmético contém inúmeras substâncias que são absorvidas pela pele. Nesse sentido, estudos recentes indicam que muitas delas são potenciais disruptores endócrinos, ou seja, podem interferir nos nossos hormônios, impactando a fertilidade feminina e masculina. 

Descubra como isso acontece e o que fazer para evitar o contato com esses ingredientes nos cosméticos.

O que são desreguladores ou disruptores endócrinos?

Os desreguladores ou disruptores endócrinos são substâncias químicas nocivas que imitam, bloqueiam ou alteram as ações dos hormônios naturais do corpo e fazem parte do sistema endócrino. 

Essas substâncias incluem ftalatos, bisfenol A, parabenos, triclosan, fragrâncias, entre outras, e podem ser encontradas em produtos de uso diário, como nos cosméticos, nos produtos de higiene e de limpeza, e até mesmo nos alimentos.

Qual é a relação entre disruptores endócrinos, cosméticos e fertilidade?

Vários estudos científicos trazem os possíveis efeitos negativos da exposição a essas substâncias sobre o sistema reprodutivo, o que reforça a relação entre os disruptores endócrinos, o uso de produtos contendo ingredientes nocivos, bem comuns de se encontrar na formulação dos cosméticos, e a fertilidade

Alguns dos principais efeitos incluem: 

Alterações hormonais

As glândulas endócrinas estão distribuídas por todo o corpo e são responsáveis por produzir os hormônios que controlam muitos processos biológicos, como os relacionados ao crescimento, à fertilidade e à reprodução. Pequenas alterações nesses hormônios podem causar desequilíbrios significativos. 

Mas como isso acontece? Bem, de diversas maneiras. Uma substância nociva, por exemplo, pode imitar a função de um hormônio natural e “enganar” o organismo, resultando em algo que não é esperado, como a produção de insulina desnecessária. 

Ainda, pode bloquear o efeito de algum hormônio, inibindo o crescimento, ou estimular a produção de outros, como o da tireoide, causando o hipertireoidismo. 

Quando se trata da função reprodutiva, os principais efeitos estão relacionados às alterações hormonais que interferem na regulação do ciclo menstrual, no desenvolvimento de doenças e até mesmo na produção de esperma. 

Efeitos no sistema reprodutivo feminino

No sistema reprodutor feminino, os disruptores endócrinos estão associados a:

  • puberdade precoce;
  • síndrome do ovário policístico (SOP);
  • insuficiência ovariana primária (os ovários não liberam óvulos regularmente, alterando o ciclo menstrual);
  • irregularidades no ciclo menstrual, o que pode reduzir as chances de fecundação;
  • endometriose;
  • tendência de início precoce do desenvolvimento das mamas nas meninas, o que pode ser um fator de risco para câncer de mama;
  • aumento nas taxas de alguns tipos de câncer, como mama, endométrio e ovário.

Efeitos no sistema reprodutivo masculino

Além das mulheres, os disruptores endócrinos também são associados a disfunções dos órgãos sexuais masculinos, tais como:

  • anomalias no esperma e malformações genitais;
  • declínio na qualidade do esperma (cerca de 40% dos homens jovens em alguns países possuem sêmen de baixa qualidade, o que reduz a sua capacidade de gerar crianças);
  • redução da fertilidade;
  • aumento na incidência de alguns tipos de câncer, como o de próstata e o de testículos.

Impacto nas futuras gerações

Além dos distúrbios relacionados à função reprodutiva da mulher e do homem, a exposição a disruptores endócrinos durante a gravidez também pode afetar o desenvolvimento do bebê e elevar o risco de problemas de saúde nas futuras gerações. 

Nesse sentido, um artigo publicado na Revista The Lancet, em 2018, traz que, mesmo em doses extremamente baixas, a exposição a essas substâncias pode aumentar o risco de doenças. Segundo a publicação, as exposições pré-natais têm sido associadas a comportamentos autistas em crianças e a anomalias dos órgãos reprodutivos em meninos, por exemplo.  

Quais ingredientes cosméticos atuam como disruptores endócrinos?

Agora que você já conhece os efeitos dos disruptores endócrinos no sistema reprodutivo de homens e mulheres, e como eles podem interferir na fertilidade, vale conferir quais são os principais ingredientes cosméticos associados a tudo isso e que, portanto, devem ser evitados no dia a dia.

Parabenos

Usados como conservantes em muitos cosméticos, os parabenos podem interferir no sistema endócrino ao imitar o hormônio estrogênio e alterar níveis de outros hormônios reprodutivos, como testosterona, estradiol e progesterona. Além disso, há evidências de que a exposição pré-natal e peripuberal (período que antecede a puberdade) a parabenos está associada à puberdade precoce em meninas. 

Essas substâncias também parecem aumentar a proliferação de células cancerígenas, conforme estudos in vitro. Outra pesquisa verificou, ainda, que maiores concentrações de metilparabeno, propilparabeno e butilparabeno na urina foram associadas a risco aumentado de câncer de mama.

Ftalatos

Um ingrediente comum em fragrâncias e embalagens de cosméticos, esmaltes e produtos para o cabelo, os ftalatos parecem afetar a fertilidade masculina e mostraram associação com o desenvolvimento prematuro em meninas. 

Em meninos, foi observada associação entre a exposição pré-natal a ftalatos, e chance reduzida de adrenarca (fase do desenvolvimento da puberdade em que ocorre o aumento de hormônios andrógenos pelas glândulas adrenais) e puberdade. Também parecem interferir na produção de testosterona, diminuindo a expressão de genes envolvidos na síntese de hormônios esteroides.

Fragrâncias

As fragrâncias em cosméticos são constituídas por um conjunto de substâncias, naturais ou sintéticas, usadas para criar um aroma, ou seja, aquele cheirinho gostoso que muitos produtos apresentam. O problema é que um único produto pode conter de 10 a 300 compostos de fragrâncias diferentes e, ainda, serem combinados aos ftalatos para garantir maior fixação.

Em relação ao sistema reprodutivo, essas substâncias podem alterar hormônios como a testosterona e o estrogênio, além de causar complicações na gestação e anormalidades dos espermatozoides, principalmente devido à presença de ftalatos em sua composição.

Microplásticos

Essas pequenas partículas de plástico, menores do que 5 milímetros, estão presentes na maioria dos esfoliantes, em muitos cosméticos e também em suas embalagens. Além do impacto ambiental, os microplásticos têm uma capacidade incrível de transportar substâncias tóxicas, como metais pesados, bisfenol A (BPA) e ftalatos, que podem ser facilmente absorvidos pelo organismo.

Essas substâncias nocivas parecem atuar como desreguladores endócrinos e podem apresentar efeitos sobre a fertilidade e o desenvolvimento fetal. Em um estudo publicado pela Environment International, os autores coletaram evidências da presença de microplásticos na placenta de gestantes, demonstrando a exposição já no início da vida.

Bisfenol A (BPA)

Com certeza você já se deparou com garrafas e potes de plástico com selos ou etiquetas atestando que esses utensílios são “livres de BPA”. Talvez o que você ainda não sabe é que essa substância também pode estar presente em certos cosméticos, especialmente nas embalagens. 

Estudos in vitro e com roedores mostram que a bioacumulação de bisfenol A ou BPA no organismo pode afetar as concentrações hormonais, além de desencadear problemas de fertilidade, puberdade e declínio reprodutivo precoce, e malformações no sistema reprodutor. Ainda, os estudos realizados com animais e células humanas apontam que a exposição precoce ao BPA pode aumentar o risco de câncer na próstata.

Triclosan

O triclosan é uma substância que se assemelha, estruturalmente, com os hormônios tireoidianos, como o T4, e é muito utilizado em cosméticos e produtos de limpeza e de higiene pessoal. Além de potencial disruptor endócrino, esse ingrediente tem sido associado a problemas de saúde e já tem seu uso restrito em diversos países, como o Canadá e o Japão.

O que fazer para reduzir o contato com os disruptores endócrinos presentes nos cosméticos?

Mesmo presente em muitos produtos, é possível reduzir o contato com os ingredientes cosméticos que atuam como disruptores endócrinos. Para ajudar nessa jornada, confira algumas práticas que podem fazer parte da sua rotina.

Atenção ao rótulos

A leitura atenta dos rótulos dos cosméticos é o primeiro filtro para diminuir o uso de substâncias nocivas, especialmente as mais comuns, como parabenos, ftalatos e fragrâncias. 

Muitos produtos já trazem essas informações em destaque nas embalagens, o que facilita na hora de escolher o que levar para casa. Outros precisam de uma leitura mais criteriosa da lista de ingredientes para identificar se as substâncias que podem fazer mal estão presentes. 

Menos é mais

Outra prática importante é reduzir a quantidade de cosméticos na rotina de cuidados, o que também diminui a exposição a substâncias potencialmente nocivas. Nesse sentido, os produtos multifuncionais podem ser grandes aliados, pois um único cosmético é capaz de desempenhar diversas funções, sem descuidar do resultado desejado.

  • Quer se tornar um adepto da rotina minimalista de skincare, mas não sabe como? Confira aqui o passo a passo.

Evite produtos com fragrâncias

Mais importante do que um cheirinho agradável é garantir que o cosmético que você usa contém ingredientes que irão atuar a favor da sua pele e a da sua saúde. Por isso, sempre que possível, procure escolher um produto sem fragrância.

Além de mais seguros para peles sensíveis ou com tendência a irritações, marcas que trabalham com esse tipo de cosmético geralmente são mais transparentes na hora de apresentar a composição de seus produtos e de informar quais ingredientes são livres.

Opte por cosméticos certificados

Algumas marcas apresentam certificações reconhecidas por entidades ou organizações que analisam se seus produtos não apresentam substâncias que podem oferecer riscos à saúde. Uma delas, reconhecida mundialmente pelos seus rígidos padrões de qualidade, é a Environmental Working Group (EWG).

A EWG é uma organização sem fins lucrativos que analisa e certifica produtos que contém ingredientes limpos em suas formulações. Após ser verificado por uma equipe técnica e atender a rigorosos padrões, o produto recebe o selo EWG Verified™, que atesta a sua qualidade e a segurança dos seus ingredientes. Assim, ao vê-lo em um cosmético, você já sabe que se trata de um produto seguro para a saúde da pele e do organismo.

Para saber mais sobre o trabalho dessa organização e como ela inspirou o desenvolvimento dos cosméticos Noorskin, continue a leitura em nosso artigo sobre a EWG.

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